Aeroporto

Dos sóis que se põem quando a conversa cessa,
Dos voos que se abatem quando o movimento recomeça,
Das pulseiras que se cortam nos dias queimados por interlúdios bravios,
Só se recordam as curvas que partem,
as tarefas tardias que o ócio obriga a adiar.

Gravitamos apenas nos entretantos.
Nos tantos recantos de monólogos esbatidos.
Evitamos os nomes. Suspendemos os planos.
Somos todos indigentes quando o afecto nos surpreende,
e nos converte em convidados do nosso próprio banquete.

Alguém me murmura saudade como se fosse um grito,
mas eu vejo-a mais como um círculo,
que primeiro nos abraça e delimita,
e de mansinho nos leva pela mão 
e logo logo nos responde pela vida.


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