Ilusão de Óptica

O poema surge da justaposição dos corpos.
Das arestas erodidas pelos fluxos em contacto.

Preparo a passagem do testemunho.
Evitando ouvir as tuas mãos trémulas a cair em caixas.
Cantando-te no desaparecimento sôfrego dos naúfragos.

Aperto o volume indefinido da estafeta.
Tapo os olhos túrgidos enganando o pragmatismo das listas.
Repetindo a sede paciente do que é inevitável e intemporal.

O início tosco do verso resistirá na penumbra da raíz.
Respirando em segredo segundo os compassos do nosso encontro.
Vai descendo o testemunho pelos teus olhos que se afastam.

Temos apenas um segundo antes de tudo ser já estrofe e harmonia.
Um rasgo subtil de instantânea clarividência.
E aí saberemos.
Sim, somos um novo poema.





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