Obituário

Res.pon.sá.vel

Soletro contigo o que é consciente.
Coloco-me no acto inicial das causas.
Ouço-te a esmorecer no refrão moroso das consequências. 

Cai sobre mim. Desejo contar-te um segredo,
Arco reflexo de intelectualismos e psicanálise:
Decides. Sim. Sempre.
Quer cruzes os braços ou te atires intrépido na espuma das ondas. 
Não há recusa que não implique dispêndio energético.
Somos criaturas sapientes meu caro: 
Ao modelo intermédio apelidamos de resistência passiva.
Túnel umbilical de antigas e ocas placentas.

Aqui onde estamos simulamos a terceira da cartilha do velho Newton.
Giro o disco para que se imponha a melodia.
Venha a enfadonha dança de espessas barbas,
gravitando em torno de imaginadas esferas.

Estudei com afinco os passos, sopro após sopro.
E quando te beijar a testa fria, baixando-te no último dos dias,
será um beijo nessa pequena, que de espelho em espelho se fez mulher.



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