Tundra



Altivo mastro descendo-me em espaços.
Cortante vento que cristalino nos sussurra cegos.
Oscular-me-ias se eu fosse por aí gritando?
Rasgando-te o baço pela acidez do gesto e do pranto?
Dar-me-ias a mão pela mão, no segredo de seguir-te?
Anoiteço aos pedaços na ilusão de ser mais dócil.
Imaginada e fértil como nos contos da estremecida infância.


Irei exposta até ao precipício que me inundará calma.
Rimando perdida a virgindade no teu aclamado perjúrio.
Mostrando a cor aos mastros que me afundam verdadeiros.
Arrepiada na pele que me baptiza pelo tom e pelo sexo.
Nunca ser o cordeiro em cujo sangue banhamos a diferença.
Dar-me nas mãos o compromisso em detrimento do desejo.
Acordar.
Dispersar-me em pólen doce, frágil magma de correntes seguras.
Encontrar um equilíbrio forte na certeza de uma perfeita tradução.

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