Libertemos as Pussy Riot!
Apelamos todos à dita lei. Á convertida lei que nos aperta o cerco. Á lei que atrasa a sua escrita para se ajustar ao veredicto desejado. Á lei que apenas se apressa na profunda injustiça. Talvez seja necessário um novo esquema. Um em que as palavras vivas substituam os cadáveres semânticos.
Olhemos em profundidade para estas mulheres. São condenadas por violar a Catedral com as suas canções subversivas. E que outro lugar poderia ser mais adequado à súplica por justiça? Outro que não aquele onde assenta a cadeira de quem tricota essa impenetrável lei?
A lei ou a luva que identifica os que dirigem, que supervisionam e amedrontam. A lei apenas sensível ao rosto e à vontade de quem a pode escrever, interpretar, adulterar, domesticar.
Esqueçamos os desejos de abstracção ou generalização. Quando o cerco aperta é bom que deixemos certos sonhos a dormir. Tão diversas são as leituras da lei que nos rege como as armas que nos restam. Devemos concentrar-nos nas últimas. E nunca esquecer a coragem que respira por detrás destas máscaras. A coragem que anima estas mulheres.
Uma bravura que não reside apenas
no acto revolucionário em si, mas também no acto mais corajoso de todos: o de
ler nas entrelinhas da manipulação do quotidiano, de olhar sem medo toda a injustiça que nos
rodeia, de reconhecer e apontar a tirania da lei que se proclama de protectora.
Mergulhemos nós também na intrepidez rejeitando a cegueira civilizacional que
nos rodeia. E não esqueçamos que o medo é o impulso da onda de revolta. O medo
de sermos esmagados pelo despotismo e pela estupidez. Abracemos esse medo então. Recortemos dele uma silhueta bela e transformadora.
Apenas o desejo de libertação colectivo pode ajudar a libertar as Pussy Riot!
A imagem das Pussy Riot a cantar "Holy Shit" na Christ the Saviour Cathedral foi retirada da seguinte janela
Libertemos as Pussy Riot! by Denise Pereira is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Brilhante!
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