Nuvens
O dia de trabalho chegara ao fim.
Não.
De facto o que acontecera não fora apenas o fim de uma jornada de trabalho
mas a concretização de um projecto.
Digo mais: a conclusão de um capítulo.
Ao pousar as pás no chão deu-lhes para olhar o céu. Sim. Decerto este era
diferente de todos os que até então haviam visto.
As formas que as nuvens assumiam e as
cores que reflectiam tinham uma beleza incapaz de ser guardada na memória. Pelo
menos enquanto imagem.
Na realidade era bem possível que as nuvens e as cores do céu não fossem de facto únicas. Invulgar sim
era a situação em que se encontravam. Ali longe do quotidiano, do rodopio rotineiro que armadilha a capacidade
de sentir e contemplar o mundo, tudo adquiria um aroma diferente.
Sim.
Como as formas
que nos atrevemos a ser ou os sabores que nos aventuramos a provar porque
sabemos tratar-se de um sonho.
E mesmo nesse limbo não podiam esquecer as máscaras...nem as frases
feitas...nem as roupas que os perseguiam escondidas na bagagem.
E por isso olhavam o
céu e diziam que este era diferente, mágico ou outras palavras banais que
não se aproximavam sequer um milímetro daquilo que verdadeiramente sangrava no seu
interior.
Nuvens by Denise Pereira is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
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