Nuvens


O dia de trabalho chegara ao fim.

Não.

De facto o que acontecera não fora apenas o fim de uma jornada de trabalho mas a concretização de um projecto. 

Digo mais: a conclusão de um capítulo.

Ao pousar as pás no chão deu-lhes para olhar o céu. Sim. Decerto este era diferente de todos os que até então haviam visto. 

As formas que as nuvens assumiam e as cores que reflectiam tinham uma beleza incapaz de ser guardada na memória. Pelo menos enquanto imagem. 

Na realidade era bem possível que as nuvens e as cores do céu não fossem de facto únicas. Invulgar sim era a situação em que se encontravam. Ali longe do quotidiano, do rodopio rotineiro que armadilha a capacidade de sentir e contemplar o mundo, tudo adquiria um aroma diferente. 

Sim. 

Como as formas que nos atrevemos a ser ou os sabores que nos aventuramos a provar porque sabemos tratar-se de um sonho.

E mesmo nesse limbo não podiam esquecer as máscaras...nem as frases feitas...nem as roupas que os perseguiam escondidas na bagagem. 

E por isso olhavam o céu e diziam que este era diferente, mágico ou outras palavras banais que não se aproximavam sequer um milímetro daquilo que verdadeiramente sangrava no seu interior.



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