Epifania



Quando me impõem silêncio apenas desejo a palavra. 
Visualizo-a letra a letra a vibrar nas minhas cordas vocais. 
A voz permite um tiro mais certeiro do que as mãos. 
Escreve com mais ânsia. 
Não tropeça nos medos nem nas censuras. 
É um elástico que nos prolonga até ao infinito.


Sabemos quem somos mesmo quando não temos um espelho. Revelamos aos outros o caminho sem lhes oferecermos um mapa. A voz ultrapassa a semântica dos idiomas. 
É força e fraqueza na mesma passagem de ar. 


A palavra apenas cumpre o seu destino
quando abandona o corpo pelo impulso enérgico do diafragma. 
E enquanto vibra na laringe, nos tímpanos, nas sinapses,
oferece ao mundo um significado intenso, que faz cintilar cada um de nós em diferentes comprimentos de onda.

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