Cânone em Ré Maior

Cada vez que uma boca se abre outra fecha-se.

Nunca escrevemos outra que não esta história.
De cabeças esquecidas no furor de chapéus e avisos.

A verdade surpreende quando no calor de uma voz amiga.
"Encenamos para os outros as soluções do quotidiano".
 No sorriso a súplica para que não me perdesse eu também.

Deixei-o na sua morada longa e fugidia.
Distingo agora a compaixão e a pena.
Tudo depende da posição que ocupamos em palco.
Ele do meu lado ou ele de frente.
Espaçoso em contraluz.

Não voltarei a substituir os olhos pelas bocas.
Resta-me o ensinamento dos peixes.
Aos cardumes de palavras exijo silêncio.
Pois nenhum significado se sobrepõe ao do gesto.




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