O desconforto do casulo

Apago os olhos para não ver. O burburinho das sequências quotidianas impede-me a palpação atenta das paisagens subterrâneas. Vou escavando os meus medos, como uma toupeira cega que vorazmente deseja o reconforto da luz. E neste labirinto térreo, pinto cores imaginadas, que um dia se sentaram junto a mim e que hoje compõem aquilo que somos. 
Repito, reconheço, recalco. Presa aos desígnios deste enigma esqueço o tempo, e renego a beleza da observação espontânea dos cenários contíguos ao meu ser. Nasce uma dor na minha imaginação quando fecho os olhos com tanta energia e interrompo o fluxo de histórias que anseiam por nascer.


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