(Des)Aconchego
Tecem uma manta para mim.
Vestem-na de retalhos de memórias e memórias de retalhos.
Vestem-na. Aos poucos afasto-me. Na janela passeiam-se luzes em movimento. Eles vestem-na. Sento-me no degrau. Imagino um barco.
No eco dos passos oculto a face com a expressão de quem está ausente. E aperto-me muda no esforço de conservá-la assim.
Adormecer. Sim. Adormecer. E no frio cubram-me e incubem-me com a oferenda inalterada. Enterrem-me bem fundo para que qualquer desejo de existir perca a coragem para a travessia.
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Dizem que aquele que quer passar despercebido é o primeiro a ser visto, porém aquele que não quer existir no mesmo plano que outrém é o que não é encontrado, é o ausente.
ResponderEliminarComo concordo Firefly!
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