Misoginia (esse néctar violento que se impõe)
Procura-se massa insuflável e oca para expiar a frustração.
Procura-se a saliência do corpóreo e a sombra do efémero.
Na meia-luz identitária, na ambiguidade gerada pela culpa,
arruma-se a violência perpetrada. Nunca se olha para trás.
E para quê?
Sabe-se que só tem voz quem possui abstracção.
E que uma vez no corpo da vítima só nos resta a expiação.
Um terramoto de campainhas doí-me na cabeça
quando nos ensinam a confundir abuso com elogio
ou objectivação com poder.
E uma interrogação impõe-se com os olhos insistentes de um cão esfomeado:
Porquê tanta mordaça para calar quem raramente grita?
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este texto enche-me de saudades tuas....bem escrito, directo e consciente...
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