Os Animais Domésticos (Parte IV)
- Onde estamos?
- Shh...Num lugar onde o silêncio se converte em sucesso - responde sussurrando.
- Não compreendo. O que dizes? - pergunta em voz baixa.
- Todos nascemos no perfeito domínio dos sons. Um dia as palavras invadem-nos como uma onda. Os sons desabrocham em sentimentos. Os sentimentos metamorfoseiam-se em exigências ou queixumes. Em poucos dias acordamos o mítico Pastor de Silêncios.
- Estou perdida. Nunca ouvi falar desse personagem...
- Mas é claro que não. Apenas acontece que um dia a tua boca já não te pertence. Nada é espontâneo. Sentes-te preso, melancólico, agitado, mas quando te perguntam o porquê dessas emoções eis que a resposta cega se desprende: - Não sei.
O baptismo aconteceu. Agora tens um caminho a percorrer, a tecer, a defender. As palavras apenas sobrevivem nos jogos que nos unem. O silêncio, esse sim, é o naipe mais valioso. O jogo ganha-se pelo domínio das omissões e pela arte de desfolhar as palavras sem se ficar preso nelas.
(E de murmúrio em murmúrio, e zumbido em zumbido chegamos à cripta onde tudo se purga, e é nesse momento após a incubação que a magia acontece, e as palavras se convertem em ambíguo silêncio).
Os animais domésticos (parte IV) by Denise Pereira is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
- Shh...Num lugar onde o silêncio se converte em sucesso - responde sussurrando.
- Não compreendo. O que dizes? - pergunta em voz baixa.
- Todos nascemos no perfeito domínio dos sons. Um dia as palavras invadem-nos como uma onda. Os sons desabrocham em sentimentos. Os sentimentos metamorfoseiam-se em exigências ou queixumes. Em poucos dias acordamos o mítico Pastor de Silêncios.
- Estou perdida. Nunca ouvi falar desse personagem...
- Mas é claro que não. Apenas acontece que um dia a tua boca já não te pertence. Nada é espontâneo. Sentes-te preso, melancólico, agitado, mas quando te perguntam o porquê dessas emoções eis que a resposta cega se desprende: - Não sei.
O baptismo aconteceu. Agora tens um caminho a percorrer, a tecer, a defender. As palavras apenas sobrevivem nos jogos que nos unem. O silêncio, esse sim, é o naipe mais valioso. O jogo ganha-se pelo domínio das omissões e pela arte de desfolhar as palavras sem se ficar preso nelas.
(E de murmúrio em murmúrio, e zumbido em zumbido chegamos à cripta onde tudo se purga, e é nesse momento após a incubação que a magia acontece, e as palavras se convertem em ambíguo silêncio).
Os animais domésticos (parte IV) by Denise Pereira is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
ADOREI!
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