Sabotagem


Ofereço-te as palavras
sabendo que as vais destruir, desconstruir, deglutir.
Vais esculpir-lhes significados distantes.
Esgotá-las até ao absurdo.
Talvez se convertam num alfinete no teu peito.
Talvez mas devolvas com a destreza de um arpão.

Ofereço-me às imagens.
Arrefecem-me o sangue até tudo se condensar num sobressalto.
Num sobreaviso. Num desatino.
Congelados os ponteiros quebra-se o caminho.
Nasce um epífito que sustenta o meu corpo,
e se exibe à janela quando murmuram o meu nome.

Entrego os meus pilares em oferenda.
O sacrifício apenas fere quando contraria.
Vejo-me despojada e sorrio.
A dor suprime a opressão da espera.
Quando se deseja o que nunca chega

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